No universo das fintechs e instituições de pagamento, dois termos costumam gerar dúvidas: conta bolsão e conta gráfica. Embora estejam relacionados, representam conceitos distintos e têm implicações diferentes para empresas e clientes.
Neste artigo, vamos explicar o que cada uma significa, quais as diferenças práticas e como o Banco Central trata esses modelos.
O que é uma Conta Bolsão?
A conta bolsão é uma conta bancária única aberta em nome da fintech, onde ficam concentrados os recursos de todos os clientes.
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O banco enxerga apenas o titular (a fintech).
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Os saldos individuais de cada cliente não aparecem para o banco.
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A segregação é feita pela própria fintech, que controla tudo no seu sistema interno.
👉 Vantagem: permitiu que fintechs operassem sem precisar abrir milhares de contas em bancos parceiros.
👉 Risco: a rastreabilidade fica mais difícil, já que para o banco todos os recursos parecem ser da fintech.
O que é uma Conta Gráfica?
A conta gráfica não é uma conta bancária de verdade, mas um registro interno que a fintech mantém em seu sistema para representar o saldo de cada cliente.
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Cada usuário tem sua conta de pagamento individualizada dentro da fintech.
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O saldo dessa conta é “lastreado” pelos recursos guardados no bolsão.
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Essa individualização é exigência regulatória desde a Circular BACEN 3.680/2013, que determinou que cada cliente deve ser identificado e ter registro próprio de transações.
👉 Vantagem: dá clareza sobre o que pertence a cada cliente.
👉 Limite: depende da solidez do sistema da fintech para garantir precisão e rastreabilidade.
Principais diferenças
O que diz o Banco Central
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Lei nº 12.865/2013: determinou que os recursos de clientes em contas de pagamento são patrimônio separado da fintech.
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Circular nº 3.680/2013: obrigou fintechs a manter registros individualizados (as contas gráficas).
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Resolução BCB nº 269/2022: proibiu o uso de contas bolsão no Pix, exigindo que cada cliente seja identificado no arranjo.
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Resoluções BCB nº 494 a 497/2025: reforçaram a necessidade de transparência e autorização formal para todas as instituições de pagamento.
O que esperar daqui para frente
O modelo de conta bolsão foi essencial para o crescimento das fintechs brasileiras, mas está em rota de substituição. O Banco Central deixa claro que a tendência é dar mais visibilidade ao cliente final, seja por meio de contas individualizadas em bancos parceiros (Banking as a Service), seja por meio de instituições de pagamento autorizadas operando diretamente.
Já a conta gráfica continuará sendo obrigatória, pois é ela que garante o controle individual dos recursos de cada usuário.
Conclusão
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A conta bolsão é a conta única da fintech no banco.
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A conta gráfica é o registro interno que garante a individualização dos clientes.
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O uso combinado dos dois modelos ajudou fintechs a crescerem rápido, mas o regulador vem impondo cada vez mais governança, compliance e transparência.