Se existe um conceito que separa as fintechs que sobrevivem das que escalam, é o float financeiro.
E, sendo muito honesto, ainda me surpreende ver quantos empreendedores, gestores e até “especialistas” do mercado financeiro nunca pararam para entender isso a fundo.
Só que entender o float não é um detalhe técnico.
É entender como o dinheiro realmente circula dentro de um produto financeiro e como esse movimento pode se transformar em margem, previsibilidade e escala.
Vamos direto ao ponto.
O que quase ninguém entende sobre o float financeiro
O float é simples de entender, mas profundo nas implicações.
Quando alguém paga algo na sua plataforma, o dinheiro entra.
Mas ele não é repassado imediatamente ao destinatário final.
Esse intervalo que pode ser de horas ou dias é onde mora o float financeiro.
E, enquanto o dinheiro está “parado”, ele está trabalhando. Para alguém.
A pergunta é: está trabalhando para você ou para o seu concorrente?
O que é float financeiro?
Sem rodeios:
Float financeiro é o valor que fica temporariamente sob sua custódia antes do repasse.
Esse dinheiro em trânsito, que ainda não chegou ao recebedor, gera oportunidade de receita.
E, quanto maior o volume da sua operação, maior essa oportunidade.
Em fintech, isso se torna um dos pilares silenciosos da monetização.
Por que o float financeiro é tão importante para fintechs?
Quem já construiu fintech — e quem já analisou modelos de negócio dos grandes players — sabe:
A margem operacional dos meios de pagamento está cada vez menor.
A competição empurra taxas para baixo.
E o custo de aquisição não fica mais barato.
Mas o float…
O float cresce junto com a operação
e não exige investimento adicional.
É por isso que entender float financeiro é tão estratégico.
Ele permite:
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melhorar fluxo de caixa,
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gerar receita recorrente,
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financiar parte da operação,
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aumentar valuation,
-
criar previsibilidade.
Ignorar isso é jogar fora uma das maiores vantagens do setor.
Como o float funciona na prática
Funciona assim:
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O cliente paga.
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O valor entra em uma conta operacional ou de custódia.
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O repasse acontece em D+1, D+2 ou conforme a política da sua operação.
Esse intervalo — natural do sistema financeiro — gera dinheiro.
Se você trabalha com R$ 5 milhões, R$ 10 milhões, R$ 20 milhões de TPV diário, o impacto pode ser enorme.
Já vi negócios mudarem de patamar apenas reorganizando a forma como tratavam o float.
Erros comuns sobre o float financeiro
É aqui que muitas empresas derrapam:
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Acreditam que é “ilegal” usar o float.
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Focam apenas em taxa de pagamento.
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Não estudam o fluxo de liquidação.
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Copiam modelos sem entender a lógica financeira.
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Perdem liquidez por falta de estrutura.
A verdade é que o float não é brecha, não é truque e não é gambiarra.
É engenharia financeira aplicada a produtos digitais.
Float x Spread: entenda a diferença
Essa confusão é clássica:
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Spread é a diferença entre o que você paga para captar e o que recebe ao emprestar.
-
Float não tem nada a ver com empréstimo.
O float é o rendimento do dinheiro em trânsito, não emprestado.
Quem confunde os dois ainda está no começo da jornada.
O que diz o Banco Central sobre o float
O Banco Central permite o float financeiro, sim.
Ele apenas exige:
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segurança dos recursos,
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transparência,
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cumprimento das regras de liquidação,
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aplicações em ativos conservadores,
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disponibilidade imediata para repasse.
Não existe mistério.
Existe responsabilidade operacional.
Como calcular o float financeiro (modelo simples)
Quer visualizar o impacto?
Vamos a um exemplo direto:
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Volume diário (TPV): R$ 10.000.000
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Retenção média: 2 dias
-
Rendimento diário médio: 0,025%
Cálculo:
10.000.000 × 2 × 0,00025 = 5.000 por dia
Ou seja:
R$ 150 mil/mês.
R$ 1,8 milhão/ano.
Sem marketing.
Sem time extra.
Apenas entendendo o mecanismo financeiro.
O impacto do Pix no float das fintechs
Muita gente acredita que o Pix “acabou” com o float.
Não acabou — apenas mudou a dinâmica.
O Pix aumentou:
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o volume transacionado,
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a velocidade da liquidação,
-
e a necessidade de modelos mais inteligentes de retenção.
Quem sabia trabalhar float antes do Pix continua sabendo.
Quem não sabia… continua perdido.
Como o float influencia o valuation de uma fintech
Investidores olham três números com cuidado:
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TPV,
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prazo médio de repasse,
-
receita gerada pelo float.
Quando uma fintech domina esses elementos, ela ganha um diferencial competitivo que não aparece no pitch deck… mas aparece no valuation.
Conclusão: float não é detalhe — é estratégia
Eu já participei da construção e evolução de várias operações financeiras.
E existe uma verdade recorrente:
Fintech que entende o float cresce com mais saúde.
Fintech que ignora o float cresce com risco.
O mercado muda, as tecnologias mudam, o comportamento do usuário muda.
Mas o básico do dinheiro continua sendo dinheiro — e quem entende isso, avança.
O float financeiro não é “extra”.
É parte do seu modelo de negócio.
Quer aplicar essa estratégia na sua fintech, no seu produto financeiro ou no seu negócio digital?
Eu ajudo empresas a estruturarem modelos financeiros sólidos, eficientes e alinhados ao crescimento.
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